Enquanto a cidade dorme
rememoro
enxovalhados pensamentos
olho o asfalto e as luzes,
mas não vejo nada
tudo o que vejo é nada
um coletivo
duas ou três pessoas
um cachorro,
idas e voltas
a cidade dorme
e não posso adormecer também
Edinara Leão
Santa Maria - RS
( Antologia virArte Aldeia, 2007 )
Blog: Edinara Leão
Azul como o mar
Não te ofereço riquezas
Porque não as tenho.
Não te ofereço esperanças
Porque não as fabrico.
Não te ofereço ouro,
Nem pérolas
Porque ofuscam meus olhos.
Ofereço-te o céu de Brasília,
Azul como o mar.
Ofereço-te a beleza sutil
De nosso cerrado
E seus mananciais.
Ofereço-te as flores do Ipê
Que o vento de maio
Lança sobre a relva.
Ofereço-te a terra sagrada
Que piso e o fogo que
Aquece os alimentos.
Colhe-os!
Colhe-os em teu Ser,
Dádivas são.
Ray Lucena Strehler
Brasília - DF
( Antologia virArte Aldeia, 2007 )
Porque não as tenho.
Não te ofereço esperanças
Porque não as fabrico.
Não te ofereço ouro,
Nem pérolas
Porque ofuscam meus olhos.
Ofereço-te o céu de Brasília,
Azul como o mar.
Ofereço-te a beleza sutil
De nosso cerrado
E seus mananciais.
Ofereço-te as flores do Ipê
Que o vento de maio
Lança sobre a relva.
Ofereço-te a terra sagrada
Que piso e o fogo que
Aquece os alimentos.
Colhe-os!
Colhe-os em teu Ser,
Dádivas são.
Ray Lucena Strehler
Brasília - DF
( Antologia virArte Aldeia, 2007 )
Aldeia
Diante de mim não há apenas o tempo
Das memórias em que vez por outra tropeço,
Há também o espaço do vento
Que sacode os galhos secos
E os pendões que plantei na infância.
Quando a vista não mais alcança
As infindas léguas percorridas
Tantas e muitas e sempre esquecidas,
Quando não se divisa mais nada,
Nem coisas nem vultos nem passarelas,
É a infância que convida
Ir à uma cidadela
De ruas miúdas e sem calçadas
E de uma antiga Estação Velha.
De fato ali nada se desfaz:
O mudo, o tagarela, o pacóvio, o sábio, a bela, a feia,
Tudo ali se satisfaz.
Ali tenho a minha pacata e serena aldeia.
Só às vezes ouço com amargor o trem de ferro
E o apito afundando nas águas do Rio Doce,
Mas até nisso o incômodo é como se fosse
A certeza intacta de um espaço eterno,
Pois ali tenho meu trem de ferro.
Se ainda adiante o espaço me aprisiona
Se ainda adiante o tempo peleia
Se ainda adiante o tempo me escraviza
Ainda adiante tenho minha Aldeia
E ela me liberta e me eterniza.
Roberto Moura de Souza
Uruguaiana - RS
( Antologia virArte Aldeia, 2007 )
Das memórias em que vez por outra tropeço,
Há também o espaço do vento
Que sacode os galhos secos
E os pendões que plantei na infância.
Quando a vista não mais alcança
As infindas léguas percorridas
Tantas e muitas e sempre esquecidas,
Quando não se divisa mais nada,
Nem coisas nem vultos nem passarelas,
É a infância que convida
Ir à uma cidadela
De ruas miúdas e sem calçadas
E de uma antiga Estação Velha.
De fato ali nada se desfaz:
O mudo, o tagarela, o pacóvio, o sábio, a bela, a feia,
Tudo ali se satisfaz.
Ali tenho a minha pacata e serena aldeia.
Só às vezes ouço com amargor o trem de ferro
E o apito afundando nas águas do Rio Doce,
Mas até nisso o incômodo é como se fosse
A certeza intacta de um espaço eterno,
Pois ali tenho meu trem de ferro.
Se ainda adiante o espaço me aprisiona
Se ainda adiante o tempo peleia
Se ainda adiante o tempo me escraviza
Ainda adiante tenho minha Aldeia
E ela me liberta e me eterniza.
Roberto Moura de Souza
Uruguaiana - RS
( Antologia virArte Aldeia, 2007 )
Ave Fantasma (1)
Pouso em barrentas águas
banho meu corpo alado,
tirando fuligem das fábricas
minhas penas purificando.
Correnteza antes cristalina
vai levando minha saudade
espraiando pela campina
esta melancolia na tarde.
No brilho do luar formoso,
mãe-lua vem despertar
meu canto outrora formoso.
Agora lamento a murmurar
vento morno, quieto, preso
no âmago deste penar!
João Weber Griebeler
Roque Gonzales - RS
( Antologia virArte Aldeia, 2007 )
(1) Nome do urutau em tupi-guarani, pássaro noturno, de
canto melancólico.
banho meu corpo alado,
tirando fuligem das fábricas
minhas penas purificando.
Correnteza antes cristalina
vai levando minha saudade
espraiando pela campina
esta melancolia na tarde.
No brilho do luar formoso,
mãe-lua vem despertar
meu canto outrora formoso.
Agora lamento a murmurar
vento morno, quieto, preso
no âmago deste penar!
João Weber Griebeler
Roque Gonzales - RS
( Antologia virArte Aldeia, 2007 )
(1) Nome do urutau em tupi-guarani, pássaro noturno, de
canto melancólico.
Vento Andejo
Pelos pagos das missões
Campeiam
Ventos audazes
Alardeando vitórias
De um tempo
De muitas glórias
Sendo alento de esperança
Nos desencontros da vida
Alimentando
Paixões, cantos e tradições
Nas coxilhas e canhadas
Produz
Som esquisito
Fomentando mitos
Crenças supertições
Formando
Corpos, mentes, civilizações
Brasília Figueira
São Luiz Gonzaga - RS
( Antologia virArte Aldeia, 2007 )
Campeiam
Ventos audazes
Alardeando vitórias
De um tempo
De muitas glórias
Sendo alento de esperança
Nos desencontros da vida
Alimentando
Paixões, cantos e tradições
Nas coxilhas e canhadas
Produz
Som esquisito
Fomentando mitos
Crenças supertições
Formando
Corpos, mentes, civilizações
Brasília Figueira
São Luiz Gonzaga - RS
( Antologia virArte Aldeia, 2007 )
Vida seca
Singrei-te campos da querência,
que não lhes embebiam por usura
Varri-te as ilhas da consciência,
delas não sacadas as almas puras
Uma vida seca, tudo por vivência,
tudo nada além de toda provação,
que a esturricada terra a demência
fez de acontecer-me por privação
E, vida seca, transitando pela dor,
vinhas da ira a lambiscarem língua,
tantos vi, vida seca, no afã do indolor,
atestados, neles ruboriza uma íngua
E veio, vida seca, todo o desmando,
pelos analfabetos, à mercê de letrados,
céu a margeá-los, ficarem sem mando
do demônio aceitando grácil estrado
Enderecemos, vida seca, uma oração
às almas perdidas ignorantes a Deus,
que Deus teriam elas por sua salvação
se ataviados, vida seca, os rumos teus
Se na lida dura aprisionas meu filho,
vida seca, ofendo-te se és amargura?
Ah, ao caminheiro não obras o trilho,
para depois eleger-lhe a tua sepultura?
Fernando Catelan
Mogi das Cruzes - SP
(Antologia virArte Aldeia, 2007 )
Site : Fernando Catelan
que não lhes embebiam por usura
Varri-te as ilhas da consciência,
delas não sacadas as almas puras
Uma vida seca, tudo por vivência,
tudo nada além de toda provação,
que a esturricada terra a demência
fez de acontecer-me por privação
E, vida seca, transitando pela dor,
vinhas da ira a lambiscarem língua,
tantos vi, vida seca, no afã do indolor,
atestados, neles ruboriza uma íngua
E veio, vida seca, todo o desmando,
pelos analfabetos, à mercê de letrados,
céu a margeá-los, ficarem sem mando
do demônio aceitando grácil estrado
Enderecemos, vida seca, uma oração
às almas perdidas ignorantes a Deus,
que Deus teriam elas por sua salvação
se ataviados, vida seca, os rumos teus
Se na lida dura aprisionas meu filho,
vida seca, ofendo-te se és amargura?
Ah, ao caminheiro não obras o trilho,
para depois eleger-lhe a tua sepultura?
Fernando Catelan
Mogi das Cruzes - SP
(Antologia virArte Aldeia, 2007 )
Site : Fernando Catelan
Reencontros
Num tempo, num paraíso,
Dois seres se encontraram,
Seus olhares confrontam
Relicário comungado!
E seus corpos afagados,
Eternizam o momento
Perpassando o pensamento,
Que foram um só no passado.
Elenir Vieira Herter
Caibaté - RS
( Agenda virArte, 2006 )
Dois seres se encontraram,
Seus olhares confrontam
Relicário comungado!
E seus corpos afagados,
Eternizam o momento
Perpassando o pensamento,
Que foram um só no passado.
Elenir Vieira Herter
Caibaté - RS
( Agenda virArte, 2006 )
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