Rio & tempo

funéreo o penhasco
suja a água
sem o dom original,
desacompanhada do leito
já sem curso

mas as gentes sorriam e
falavam
olhando o estranho rio,
com dobras no curso
longe do leito

no escuro do rio
– as dores das gentes
escuras também
em seu parco viver.

Edinara Leão
Santa Maria - RS
Poema publicado no blog da escritora: aqui

( De longe, vejo... )

De longe, vejo
teus olhos em meio
a neve
Logo sedas avermelhadas
soltam-se
como se fossem
plumas...
Caem, sangram

respingam na
menina o tempo
que não volta mais.

Viviane Marconato
Santa Maria - RS
Poema publicado no blog da escritora: aqui

Fogo fátuo

A noite
não me ilude mais
com sua lua
suas estrelas
e alguns dias

hoje
só me interessa
aquilo que

- suspenso entre
um brilho
e outro -

não
consigo enxergar
ainda.

Wilson Guanais
São Paulo - SP
( Antologia virArte Voragem, 2007 )
Blog Cemitério de navios

Tecendo a poesia

A poesia
Mescla fios
Da fantasia
E da realidade.
Entrelaça saudade
Da canção
Do sim e do não
A poesia trama sedução...
No tear da vida
A poesia
É urdideira
Tecendo com fios
Desfiados do coração.

Maria Rita Dutra Giacomelli
São Luiz Gonzaga - RS
( Antologia virArte Voragem, 2007 )

Dúvida

Queria
poder
entender.
Saber
o porquê
da sensação
que vai...
que volta...
que fica
não sai;
que faz
do pensamento
tormento
fomento
de guerra
interior
entre dois
contendores
senhores
da forte
da fraca
indecisa
rasão.

Rita Bernadete Sampaio Velosa
Américo Brasiliense - SP
( Antologia virArte Voragem, 2007 )
Blog Cyber Ratoeira

Entre a cruz e a cicuta

Dois mundos
Dois pensamentos
Dois condenados
Nada escreveram
Muito deixaram

Mudaram o mundo
Dividiram a história
Ensinaram a crença

Pré e pós
Antes e depois
Um tomou cicuta
O outro morreu na cruz
Sócrates o filósofo
E o mestre Jesus

Cosme Custódio
Salvador - BA
( Antologia virArte Voragem, 2007 )

Voragem - coletânea literária 2007



Capa "Sonho"
(de Cláudia Morais)