A poesia que eu não sei

A poesia que eu não sei escrever,
É essa com palavras sofisticadas,
Fala uma coisa, se entende outra,
A mensagem, nem sempre, é decifrada.
A poesia que eu não sei escrever,
Tem pouca rima, geralmente,
Versos e estrofes se sucedem,
Mas não encaixam devidamente.
A poesia que eu não sei escrever,
É difícil, a mim, explicar,
Porque com palavras requintads,
Eu não aprendi a trabalhar.
A poesia que eu não sei escrever,
Quem me lê, entende o que eu digo,
Porque os versos, que comumente faço,
Se parecem muito comigo.
A poesia que eu não sei escrever,
Explicar, é tempo jogado fora,
Pois é aquela, leitor amigo,
Que eu não escrevi, até agora.

Iva da Silva
São Francisco de Assis - RS
( Antologia virArte Limiar, 2006 )

Voltaram as Andorinhas

Voltaram as andorinhas,
ao mesmo céu onde tinhas
os sonhos iguais aos meus.
Hoje estou triste... Pudera!...
É setembro!... É primavera!...
Dói muito mais um adeus.

Voltaram as andorinhas,
da mesma forma em que vinhas
carregada de promessas.
As andorinhas, no entanto,
já não têm o mesmo canto...
Eram outras... E não essas!

No ar, perfume das rosas
e asas, asas nervosas
em alegres espirais.
Voltaram as andorinhas...
Voltaram hoje as queixas minhas
porque tu não voltas jamais...

Miguel Russowski
Joaçaba - SC
( Antologia virArte Canções ao Vento, 2004 )

Pâmela

Tem umas luzes
de estrela

Quando ela passa,
todos os passarinhos
cantam

e brota um anjo
da terra.

Ramóm Ayala
Buenos Aires - Argentina
( Antologia virArte Alma de Mulher, 2004 )

Universo

Dizem infinito...
Mas
quando uma criança nasce
um desvalido sorri
uma flor se abre
um pássaro canta
ou alguém abre o coração
perdoando uma injúria
ele se ajeita
procura espaço
e cresce um pouquinho mais.

Alcione Sortica
Porto Alegre - RS
( Agenda virArte, 2006 )